Sérgio Sampaio, Erasmo Carlos e Frenéticas - Projeto Pixinguinha (1981)



Um dos discursos mais evocados nos idos de 1977 era o de que era preciso combater a “invasão da música estrangeira” no Brasil. Na mira de iniciativas como o Projeto Pixinguinha, criado naquele ano, estava sobretudo a “discoteca” – que além de não tocar repertório brasileiro, ainda por cima tomava o lugar das casas de música ao vivo (reduzindo o mercado de trabalho dos instrumentistas do país). Na TV Globo, a febre dançante inspirou a novela Dancin’ Days, de Gilberto Braga, embalada pelo tema de abertura homônimo que, em gravação das Frenéticas (primeiro nome brasileiro a estourar na fase da “discoteca”), virou sucesso no Brasil inteiro.

Pois foi justamente no clima de “Abra as suas asas, solte suas feras” que o irreverente sexteto feminino foi uma das atrações do Projeto Pixinguinha em 1981. Reunido por iniciativa do jornalista Nelson Motta (autor da música Dancin’ Days, com Ruban), o grupo de ex-garçonetes de uma boate carioca teve como companheiros de turnê o “tremendão” Erasmo Carlos – que levava para a estrada suas parcerias com o “amigo de fé” Roberto Carlos – e o poeta-compositor capixaba Sérgio Sampaio, que abria o espetáculo com um repertório eclético.





Erasmo entrava em seguida com um antigo sucesso da Jovem Guarda (O Caderninho, de Olmir Stocker), antes de apresentar três baladas compostas com Roberto Carlos: Sentado à Beira do Caminho, Panorama Ecológico e Filho Único. Mais adiante, as Frenéticas voltavam ao palco e enfileiravam grandes sucessos, como a já citada Dancin’ Days, a televisiva O Preto que Satisfaz(composta por Gonzaguinha para a novela Feijão Maravilha) e Perigosa (Rita Lee, Roberto de Carvalho e Nelson Motta), dos versos “Sei que eu sou bonita e gostosa / E sei que você me olha e me quer…” No encerramento, sucessos da Jovem Guarda eram cantados por Erasmo (É Proibido Fumar, Negro Gato e Fama de Mau) e pelas Frenéticas (Vem Quente e Festa de Arromba).

Primeiro, cantando um samba feito por seu pai, Raul Sampaio (Cala a Boca, Zebedeu); depois, Meu Pobre Blues (de sua autoria) e, por fim, a marcha-rancho Eu Quero é Botar meu Bloco na Rua, sucesso desde 1972, quando estourou no Festival Internacional da Canção (FIC). Em seguida, Odara (Caetano Veloso) era dividida por ele com Dudu, Edir de Castro, Leiloca, Lidoka, Regina Chaves e Sandra Pêra, que assumiam o espetáculo e mantinham o ecletismo, indo de Gonzaguinha (A Felicidade Bate à sua Porta) a Lamartine Babo (Joujoux e Balangandãs, Linda Morena, O teu Cabelo não Nega).


Com direção assinada por Carlos Alberto Sion, o espetáculo iniciou a turnê em 23 de março de 1981 e foi até o dia 11 de abril daquele ano, com apresentações concorridas em Niterói (RJ), Rio de Janeiro, Londrina (PR), Florianópolis, Blumenau (SC) e Joinville (SC). Na banda, participaram da caravana Beto Saroldi (saxofone), Jorjão Barreto (piano), Pedrão (contrabaixo), Pisca e Rick Ferreira (guitarras) e Sérgio Della Mônica (bateria).


Comentários